Miss Argentina, sem moldura

Se fosse mesmo Argentina, a música deveria ser um tango. Mas é um bolero, e o que me diverte é que Iggy Pop talvez acredite mesmo que fez um tango. Daí me lembro de gringos falando que a capital do Brasil é Buenos Aires. Sempre ouço essa música pensando que houve um esforço para serContinuar lendo “Miss Argentina, sem moldura”

No centenário da morte de João do Rio

Querido João, Hoje é teu centenário. Você há de perdoar o nosso silêncio – de repente, qualquer celebração se torna uma obscenidade diante da marca recém-atingida de quinhentas mil vidas brasileiras perdidas. Isso se puder perdoar, antes, o teu povo abandonado por Deus e desmemoriado por natureza – que tampouco te fez justiça em vida,Continuar lendo “No centenário da morte de João do Rio”

A rima se faz sem virar a esquina

A rima se faz sem virar a esquina A rima é um tapete desarvorado A rima, à espreita, se descortina A rima é um portão vestido emprestado. A rima é rica, tem ares de outono A rima se doa a árvores à toa A rima se dói; quando se magoa, A rima logo procura outraContinuar lendo “A rima se faz sem virar a esquina”

[esparsos] Canção da Negação

“Me paga agora o valor dos três álcool gel que tu estourou e vaza daqui, seu bolsominion de merda”. Notei que meu usuário ficou tenso e percebi uma de suas mãos subir fechada bem ao meu lado e até ouvi um grunhido, mas nada aconteceu – uma pessoa vestindo um jaleco esquisito e escuro, bastãoContinuar lendo “[esparsos] Canção da Negação”

[esparsos] Kunjapuri, Rishikesh

I Feliz aniversário, mestre Marugananda, eu não vou poder ficar e ajudar na sua festa por causa dessa mulher, Taki, a hóspede peruana que estava aqui no retiro semana passada. Foi ela quem me mostrou esse leque de penas de pavão quando estávamos do outro lado do rio hoje, durante o aarati, e que compreiContinuar lendo “[esparsos] Kunjapuri, Rishikesh”