Para Mauro Calliari
Endereço do hostel no bolso, celular carregando no quarto – afinal, não há roteador que capte sinal de internet nas ruas de terra sinuosas de Nagarkot. A própria chegada envolveu carregar as malas por um estreito trecho a pé, onde apenas alguns tuk-tuks barulhentos, frágeis e fumacentos insistem em entrar.
Olhos atentos, primeiro passeio: uma casa de câmbio a três metros do albergue. Na esquina, um açougue improvisado, aves expostas e ainda com penas. Duas ruas depois, uma balança pesando berinjelas na porta de uma casinha azul. Com mais três quadras se faz, enfim, a praça central onde dezenas de crianças curiosas perguntarão seu nome todos os dias em que você passar por lá.
Se a cidade é o labirinto, o olhar do viajante pode bem ser o fio do novelo que o trará de volta ao hotel, e que ele esticará um pouco mais na andança seguinte – o fio que reconstitui o caminho de volta e também tudo o que é pequeno, o que é gigante e o que há de mais inquestionável na última cidade do mundo onde a palavra globalização não significa nada.

Texto denso e revela que outros mundos e vidas para muito além da “globalização”. O recorte da fotografia é muito sensível. O meu abraço.
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Muito obrigada pelo seu comentário e pela leitura que fez dos meus recortes 🙂 Fico feliz que tenha curtido!
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